Alteração da Resolução 482/2012
A alteração da resolução normativa 482/2012 discutida pela ANEEL na última terça feira (15/10/2019) tem causado muita discussão por todos envolvidos no setor.
Toda a discussão é porque essa alteração possivelmente afetará a rentabilidade de quem investe em energia solar e consequentemente a expansão do setor.
Agora a grande questão que gira em torno deste tema é como e quão grande será essa mudança.
Por que a ANEEL faz revisões na REN 482/2012
É importante entender que a Resolução Normativa 482/2012 foi criada para fomentar a geração de energia por pequenas centrais enquadradas em micro ou mini geração (geração distribuída).
Assim, o governo terá de investir menos em leilões de energia e no sistema de transmissão nacional.
Destas centrais geradoras, cerca de 98% são da fonte solar fotovoltaica e por isso que ela é a principal envolvida nessa revisão.
Como o crescimento da energia solar tem sido maior do que o esperado pela agencia, existem consequências para a rede de distribuição que não haviam sido previstas.
Hoje o consumidor que gera sua energia e injeta créditos energéticos na rede, recebe o valor integral referente a TUSD e a TE (alternativa 0).
Segundo as distribuidoras de energia, este cenário não é justo pois ao utilizar a rede como uma bateria para armazenar os créditos estes consumidores deveriam pagar pelo uso da TUSD (Tarifa do Uso do Sistema de Distribuição).
Diante disso a ANEEL está analisando qual mudança seria benéfica para todos do setor.
Destrinchando os possíveis cenários
Ao discutir as mudanças com a sociedade e com todos os agentes impactados pela geração distribuída, a agência surgiu com os seguintes cenários:
Fonte: Greener
- Alternativa 0 – Cenário atual: ao receber os créditos há o abatimento por todas as componentes da TUSD e da TE;
- Alternativa 1 – O valor referente a TUSD Fio B não é abatido quando se consome um crédito energético.
- Alternativa 2 – O valor referente a TUSD Fio B e Fio A não são abatidos quando se consome um crédito energético.
- Alternativa 3 – O valor referente a TUSD Fio B, Fio A e Encargos não são abatidos quando se consome um crédito energético.
- Alternativa 4 – O valor referente a TUSD Fio B, Fio A, Encargos e Perdas não são abatidos quando se consome um crédito energético.
- Alternativa 5 – Apenas o valor da TE Energia será abatida.
Essas são as possíveis mudanças que poderão ocorrer para o consumidor que utiliza o sistema de compensação energética.
Desta forma o que vai mudar de fato é o valor residual da fatura de energia, visto que os abatimentos serão menores.
Tendências expostas pela ANEEL
Desta forma a proposta da ANEEL por hora ficou da seguinte maneira:
Fonte: Greener
Podemos observar uma tendência de transição gradual entre as alternativas, de modo a não causar um retrocesso na expansão do setor.
Essa transição gradual foi estabelecida através de um gatilho. Este gatilho é a adição de 4,7 GW de potência instalada conectada à rede ou o ano de 2030.
Vale ressaltar também que a agência procurou afetar mais a geração remota do que a local, logo instalações residenciais e comerciais in-loco não sofrerão tanto impacto.
Outro ponto importante de se lembrar é o consumo instantâneo.
Essa decisão impacta no valor do abatimento causado pelos créditos energéticos, quão maior for o seu consumo instantâneo menos créditos serão utilizados e consequentemente menos impacto você terá.
Sistemas comerciais, que produzem a energia no momento em que se mais consome, tendem a não ter seu tempo de retorno do investimento muito afetado.
Espera-se que a redução no custo do kit fotovoltaico e o aumento da eficiência dos módulos contribua para a diminuição do payback. Justamente por isso que a ANEEL defende não haver mais a necessidade de a energia solar fotovoltaica ter isenção sobre tais componentes tarifários.
Agora esta proposta será levada a consulta pública e como o setor está se movimentando fortemente contra esta proposta, acredito que a agência possa voltar atrás desta decisão.
Nossa missão é lutar pelo direito do consumidor de poder gerar sua própria energia de forma limpa, sustentável e rentável.
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